
Se forem como eu não vão ler a minha experiência de vida, por isso pergunto-me porque a escrevo. Provavelmente pela mesma razão que todos os outros, pela necessidade de catarse, de purga, de desabafo.
Aqui estou com 42 anos, duas filhas que qualquer transeunte considera minhas netas, não é de admirar tendo em conta a sua tenra idade e o meu cabelo completamente grisalho e o excesso de peso mais que óbvio. Ora estava eu a dizer, antes de começar a deambular, que nesta altura da minha vida aprendi a “comer a sopinha toda”, isto é, tomo o meu anti-depressivo junto com o meu controlador de humor para me manter funcional. Para não desatar a tomar tudo com forma de comprimido existente em casa, ir parar ao hospital e ser tratada abaixo de cão. Ou então a outra perspectiva igualmente agradável de desatar a comprar o que posso e principalmente o que não posso numa fúria consumista incontrolável como se o meu ar dependesse disso, chegar a casa e chorar desconsoladamente sobre os despojos.
Pois é, o meu percurso de vida tem sido efectivamente uma interminável viagem de montanha russa. Tudo tem servido para adormecer o mal-estar, a negrura, a dor dilacerante dos próprios pensamentos. Por outro lado os meus sentidos são particularmente aguçados, tudo cujo destino é conferir prazer eu sinto-o em todas as terminações nervosas do meu corpo. Se é um som divinal todo o meu corpo é audição, se é uma boa refeição todo ele é gosto, se é uma boa conversa todo ele é senso estético – o resto é deixado à vossa imaginação... A grande questão é uma de proporção, o lado negro tem ficado com a parte do leão, a morte da minha mãe, os meus suicídios, as minhas depressões pós-parto agravadas com internamento, auto-medicação, beber para esquecer, a morte do meu irmão (ainda me custa a crer), incapacidade de manter amizades. E no meio de tudo isto aquilo que muitos têm por garantido: momentos de estabilidade, não são permitidos, porque a viagem é interminável e ininterrupta.
Aqui estou com 42 anos, duas filhas que qualquer transeunte considera minhas netas, não é de admirar tendo em conta a sua tenra idade e o meu cabelo completamente grisalho e o excesso de peso mais que óbvio. Ora estava eu a dizer, antes de começar a deambular, que nesta altura da minha vida aprendi a “comer a sopinha toda”, isto é, tomo o meu anti-depressivo junto com o meu controlador de humor para me manter funcional. Para não desatar a tomar tudo com forma de comprimido existente em casa, ir parar ao hospital e ser tratada abaixo de cão. Ou então a outra perspectiva igualmente agradável de desatar a comprar o que posso e principalmente o que não posso numa fúria consumista incontrolável como se o meu ar dependesse disso, chegar a casa e chorar desconsoladamente sobre os despojos.
Pois é, o meu percurso de vida tem sido efectivamente uma interminável viagem de montanha russa. Tudo tem servido para adormecer o mal-estar, a negrura, a dor dilacerante dos próprios pensamentos. Por outro lado os meus sentidos são particularmente aguçados, tudo cujo destino é conferir prazer eu sinto-o em todas as terminações nervosas do meu corpo. Se é um som divinal todo o meu corpo é audição, se é uma boa refeição todo ele é gosto, se é uma boa conversa todo ele é senso estético – o resto é deixado à vossa imaginação... A grande questão é uma de proporção, o lado negro tem ficado com a parte do leão, a morte da minha mãe, os meus suicídios, as minhas depressões pós-parto agravadas com internamento, auto-medicação, beber para esquecer, a morte do meu irmão (ainda me custa a crer), incapacidade de manter amizades. E no meio de tudo isto aquilo que muitos têm por garantido: momentos de estabilidade, não são permitidos, porque a viagem é interminável e ininterrupta.
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