
A mudança na sensibilidade dos cineastas e do público manifesta-se pela renúncia a usar a loucura como puro instrumento de suspense, mas também com a tentativa de mostrar, de modo empático, o drama existencial do paciente e atenção à especificidade do distúrbio psíquico descrito, renunciando a representar um único personagem com sintomas e comportamento de estados patológicos muito diversos.
Tem-se a impressão de que o percurso que conduziu a loucura de expediente narrativo a ponto focal da narração tenha acompanhado, passo a passo, sua transformação de algo radicalmente "outro" a um evento do nosso mundo, passível de ser compreendido e explicado, ainda que com dificuldade. Em outros termos, a multiplicação das possibilidades terapêuticas, da década de 50 até hoje, e um melhor conhecimento de sua eficácia forneceram a directores e argumentistas a sensação de que a viagem pelas terras da alucinação não se dá, fatalmente, sem retorno e que talvez seja realmente possível explorá-las.
Não se trata de excluir a referência à loucura das possibilidades dos autores, em nome do politicamente correto ou, melhor, do clinicamente correto. A licença poética é bem-vinda, desde que não deforme com estereótipos negativos a figura de quem sofre com a doença psíquica.
Se a loucura se mostra um grande tema cinematográfico, por outro lado psiquiatras e psicoterapeutas sempre se interessaram pela sétima arte. Isso ocorre, entre outros motivos, pela afinidade, percebida desde o início do século XX, entre a linguagem não-verbal do cinema e os sonhos. Em ambos os casos, as imagens prescindem da sequência real dos acontecimentos. A montagem cinematográfica altera tempos e espaços da acção recorrendo a artifícios como a abstracção, a ambiguidade, a estratificação, a condensação e o deslocamento, os mesmos mecanismos que o inconsciente usa para exprimir-se.
Tem-se a impressão de que o percurso que conduziu a loucura de expediente narrativo a ponto focal da narração tenha acompanhado, passo a passo, sua transformação de algo radicalmente "outro" a um evento do nosso mundo, passível de ser compreendido e explicado, ainda que com dificuldade. Em outros termos, a multiplicação das possibilidades terapêuticas, da década de 50 até hoje, e um melhor conhecimento de sua eficácia forneceram a directores e argumentistas a sensação de que a viagem pelas terras da alucinação não se dá, fatalmente, sem retorno e que talvez seja realmente possível explorá-las.
Não se trata de excluir a referência à loucura das possibilidades dos autores, em nome do politicamente correto ou, melhor, do clinicamente correto. A licença poética é bem-vinda, desde que não deforme com estereótipos negativos a figura de quem sofre com a doença psíquica.
Se a loucura se mostra um grande tema cinematográfico, por outro lado psiquiatras e psicoterapeutas sempre se interessaram pela sétima arte. Isso ocorre, entre outros motivos, pela afinidade, percebida desde o início do século XX, entre a linguagem não-verbal do cinema e os sonhos. Em ambos os casos, as imagens prescindem da sequência real dos acontecimentos. A montagem cinematográfica altera tempos e espaços da acção recorrendo a artifícios como a abstracção, a ambiguidade, a estratificação, a condensação e o deslocamento, os mesmos mecanismos que o inconsciente usa para exprimir-se.

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