Esclareçam-se e divirtam-se caros visitantes! :-)

Confesso que não sou possuidora de grande fluência, cada palavra é arrancada do fundo do meu senso perfeccionista e auto crítico. Acho que o termo correcto será que cada palavra é parida. Mas daqueles partos com dor no baixo-ventre e rins, só semelhantes a ser serradas pelo meio.

Posto isto, esta ideia dos blogues, de escrever – embora apelativa – não me é fácil, ainda por cima como qualquer bipolar, digno desse epíteto, sofro da dificuldade de levar uma tarefa a termo. Começo com as maiores e melhores intenções (mania) e deixo tudo a meio (depressão). É o meu anjo extrovertido às avessas com o meu diabo introvertido. O dia e a noite, o sol e a lua… Vivo esperançada, em cada projecto que enceto, na vitória do anjo, do dia e do sol!!!

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Nós somos os X-Men!


Por Tom Wootton

"Eu lembro-me de ser um grande fã do programa de TV O incrível Hulk quando era miúdo, e das séries Hulk, Homem-Aranha, O Quarteto Fantástico, e os X-Men quando saíram em filme. Sempre pensei que retratavam a doença mental de uma forma bizarra, mas nunca entendi o significado que tinham para mim até recentemente. Foi ao ver o último filme dos X-Men, X-Men: The last stand, que tudo se tornou claro. Nós somos os X-Men.
Stan Lee e os criadores de todos aqueles personagens mostraram uma introspecção incomum na natureza de nossa condição e das nossas lutas. Todos os seus personagens têm poderes especiais. Têm também estranhas peculiaridades e idiossincrasias. Sobretudo, lutam com os seus poderes e com a sua incapacidade de os controlar.
Ao ver X-Men: The last stand dei-me conta de diversos personagens com os quais me poderia identificar. Queriam viver uma vida “normal” e não puderam ver o benefício de um poder que não conseguiam controlar. Foram sujeitos à avassaladora pressão para serem “curados”, e muitos sucumbiram à promessa de uma vida “normal”.
Muitos lutaram para ver as possibilidades de aproveitar os seus poderes para o bem. Enquanto ganhavam a habilidade de utilizar os seus dons únicos, descobriram que poderiam controlar seus super poderes e torná-los uma vantagem.
Enquanto lutava com a minha condição, aprendi que mesmo alguns dos poderes que não tinham nenhum benefício aparente eram uma fonte de grande força. Vejo agora que os meus “super poderes” me dão a capacidade de fazer coisas que um ser “normal” não poderia sequer imaginar. Também vejo que a minha falta da aptidão de os aproveitar e de os manter sob controlo me levou perigosamente perto de minha própria morte.
Tal como os personagens criados por Stan Lee, também eu teria feito qualquer coisa para ser “normal,” mas no fim escolheria entrar na batalha final: aprender a ter os meus poderes sob controlo e a utilizá-los para o bem.
O maior poder de todos é a minha aptidão de entrar em tão profunda depressão que consigo ganhar introspecção acerca do verdadeiro significado da vida. Ajuda-me a encontrar significado e objectivo além da sobrevivência diária, e ajuda-me a apreciar a vida em toda a sua riqueza. A capacidade de ir desde as profundezas da depressão às alturas da mania tem dado riqueza à minha vida.
É claro que com tais poderes, vem a luta contra eles e a nossa incapacidade de os dominar para o bem. No fim, não temos escolha senão controlá-los com todos os meios disponíveis, incluindo medicação, terapia, e o nosso próprio trabalho árduo. Entretanto, muitos escolhem desistir, com medo de nunca ganhar controlo suficiente.
O problema não é que nós sejamos mentalmente doentes; o problema é que nós experimentamos 150 por cento de o que as pessoas “normais” experimentam, e sentimo-nos frustrados porque ainda não aprendemos como lidar com isso. Mas isso não significa que conseguir o controlo é impossível.
Através de trabalho incrivelmente árduo e da ajuda de uma equipa inteira de apoiantes, podemos aprender a ter os nossos poderes sob controlo e começar realmente a vê-los como dons únicos a estimar. Se reunirmos uma equipa e um plano sólido que faça uma aproximação lenta e progressiva, podemos ver resultados modestos a curto prazo, e realizações que são verdadeiramente miraculosas dentro de alguns anos.
Conforme vamos aprendendo, adquirimos a habilidade de lidar com o nosso poder. Os nossos médicos e terapeutas reconhecerão a nossa capacidade de controlar a nossa condição mais e melhor e podem diminuir a nossa medicação de modo a não nos sentirmos tão longe de nós próprios. Muito lentamente, e com supervisão próxima, podemos ajustar a medicação ao mínimo necessário para nos mantermos controlados. Conforme desenvolvemos a introspecção e fazemos um esforço maior, o nosso alcance expande e nós começamos a experimentar as elevações da mania e as profundidades da depressão sem perder o controlo.
Enquanto o nosso alcance expande, enfrentamos novos desafios que por vezes não somos capazes de resolver. No entanto, com supervisão apropriada, nós tornamo-nos muito melhores a reconhecer os limites das nossas capacidades. Assim, podemos sintonizar a medicação e os nossos esforços funcionam em melhor escala.
A descoberta chocante veio quando comecei a entender os benefícios da depressão. Conforme fui aprendendo a compreender o que se passava, entendi que poderia funcionar muito bem num estado deprimido e proporcionou-me introspecções que eu nunca sonhei serem possíveis. As melhores mudanças que fazemos em nossas vidas são frequentemente o resultado das introspecções ganhas na depressão. Podemos realizar muitas coisas quando maníacos, mas os desejos de reavaliar as nossas vidas e fazer mudanças não estão entre elas.
Esta exploração é revigorante, mas deve ser feita somente com a ajuda de uma equipa profissional. Será preciso um esforço e tenacidade tremendos; haverá muitas vezes em que irá parecer perdido, como se não esteja a fazer progresso algum, ou até a retroceder. Mas se olhar para trás o suficiente, pode sempre ver o progresso que, se continuado, conduzirá inevitavelmente ao sucesso.
Ao longo do percurso descobrirá “super poderes” que nunca supôs ter. E o melhor de tudo, é descobrir-se a si próprio e perceber que esses poderes lhe foram dados para o ajudar ao longo do caminho. Stan Lee disse frequentemente: “Com grande poder vem grande responsabilidade.” É a nossa maior responsabilidade manter os nossos poderes sob controlo ao aprender a aproveitá-los para o bem."


1 comentário:

  1. Anónimo2/6/08 21:10

    Gostei. Os x-men sempre foram os meus super-heróis favoritos, desde há uns 20 anos atrás quando comprava sempre as revistinhas da Marvel.

    As minhas preferidas eram as histórias que contavam o início da vida dos personagens enquanto super-heróis. O jovem que por ser diferente vivia escondido e afastado do mundo e depois era descoberto pelos que já eram x-mes que juntamente como mentor, o professor Xavier o ensinavam a lidar com os seus poderes e a usá-los de uma forma positiva.

    Gostei de ler. Thanks.

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